O PODER DO

ESPÍRITO OU

O PODER

DO DINHEIRO

 

- ATOS 8:1B-25

 

- Na semana passada o juiz Gláucio Brittes, da nona Vara Criminal de São Paulo, acolheu uma denúncia apresentada pelo Ministério Público de São Paulo contra Edir Macedo e mais nove líderes da Igreja Universal. Segundo a denúncia eles teriam desviado o dinheiro dos dízimos para a criação e sustentação de empresas que são registradas como se fossem patrimônio particular e não como patrimônio da Igreja. Por isso, todos estão sendo acusados por lavagem de dinheiro e formação de quadrilha. Segundo relatório do Coaf (Conselho de Controle de Atividades Financeiras) o patrimônio pessoal do líder maior da Universal seria de 2 bilhões de reais. Diante da gravidade das denúncias, cabe a nós duas posturas: primeiro aguardar o desenrolar do processo na justiça, que na verdade já dura vinte anos, afim de que a verdade venha à tona; segundo, cabe a nós refletir sobre a questão central que está por traz desta denúncia que foi tema central de todos os meios de comunicação nesta semana passada: como deve ser a relação da igreja com o dinheiro? Até que ponto o dinheiro pode ser uma bênção ou uma maldição para a igreja? Uma igreja pode utilizar o dinheiro dado a Deus desrespeitando as leis do país? Quais os valores que determinam um bom uso do dinheiro levantado pela comunidade? Como particularmente devemos nos relacionar com o dinheiro?

Nosso CONTEXTO fala de perseguição: grande (v.1); liderada por Saulo (v. 1, I Co 15:9; Gl 1:13, 22-23; Fp 3:6; I Tm 1:13); nas casas (v. 3) e acompanhada do sepultamento de Estevão (v. 2);

fala de dispersão (v. 1) – à exceção dos apóstolos pois eles continuaram liderando a igreja no quartel-general de Jerusalém;

fala de pregação (v. 4) – centrada na Palavra, descentralizada de Jerusalém (cumprindo At 1:8) e descentralizada dos apóstolos (era relacional e não profissional).

Neste ambiente Lucas faz um CONTRASTE entre Filipe e Simão (v. 5-25), ambos com grande influência, mas seguindo caminhos radicalmente opostos....

I – FILIPE: UM HOMEM CHEIO DO ESPÍRITO (v. 5-8)

- Filipe era originário da igreja de Jerusalém (6:5), tendo sido eleito para o diaconato pois atendia a um dos pré-requisitos determinados pelos apóstolos: era cheio do Espírito (6:3).

- Seu campo ministerial foi a cidade de Samaria (v. 5), região peculiar pois havia entre os judeus e samaritanos uma rivalidade (Jo 4:9) de 1.000 anos: os samaritanos, apesar de serem judeus, haviam se desvinculado das tradições de Jerusalém (Jo 4:19) sendo por isso considerados pelos judeus de outras regiões como hereges e cismáticos.

- Focando sua pregação em Cristo (v.5) e legitimando-a com milagres (v. 6), osresultados positivos não demoraram a aparecer: multidões aceitaram a Palavra (v. 6-7), provocando grande satisfação na cidade (v. 7).

- Assim, percebe-se que o diferencial do ministério de Filipe era a aliança entre “Palavra” e “poder”: seu evangelho era “ouvido” e “visto”, numa autêntica expressão integral de todo o desígnio de Deus para o homem.

II – SIMÃO: UM HOMEM MANIPULADOR DO ESPÍRITO (v. 9-25)

- Enquanto Filipe era cheio do Espírito, Simão era cheio de si mesmo – apenas um “homem” (v.9), que se considerava “divino” (v. 9-11); como mágico praticante (v. 9) não era um “Mr. Emme” moderno, mas alguém envolvido com ocultismo, feitiçaria e forças demoníacas, vivendo a ilusão de ser “um grande vulto” (v. 9) com grande penetração popular (v. 10-11), aceitando a interpretação de que encarnava o “poder de Deus” ou “o grande poder”, mas, sendo apenas “homem”.

- Em sua ignorância sofria da doença que acomete o homem desde o Éden – desejar ocupar o lugar de Deus.

- Deste primeiro estágio de ignorância, Simão passou para o estágio doconhecimento: abraçou o que deveria ser abraçado (v. 12-13). O povo, em contato com Filipe, conheceu as boas novas do Evangelho centradas no Reino de Deus e em Jesus Cristo e não só deu crédito à mensagem de Filipe, mas se identificou com o Deus de Filipe através do batismo (v. 12). A partir de Filipe, Samaria deixou de ser a mesma: a ilusão foi trocada pela realidade, o poder humano pelo poder divino, o inferno pelo céu, o homem por Deus – Simão por Jesus. Simão, então, sem o crédito do povo, fez no passado o que todo homem hoje deveria fazer: abraçou a fé em Jesus, recebeu o batismo e passou a ser um acompanhante de um líder cheio do Espírito – Filipe, ficando maravilhado com o poder do Espírito evidenciado nos sinais e milagres operados através de Filipe (v. 13). Na verdade só há um caminho que pode nos levar da ignorância para o conhecimento espiritual: a Palavra e o Poder de Deus (Mt 22:29).

O terceiro estágio de Simão foi de imaturidade pois ele não fez uma relação correta entre o poder do Espírito e o dinheiro. O foco de Lucas agora foi colocado nos apóstolos (v. 14-17): sabendo do grande avivamento samaritano promovido pelo Espírito através de Filipe, eles viajaram para a Samaria e oraram com imposição de mãos pelos samaritanos batizados para que recebessem o Espírito, pois eles ainda não tinham passado por esta experiência.

Apesar de não ser o ponto de nossa reflexão, cabe de passagem perguntar: como estes samaritanos creram,. foram batizados, mas não tinham o Espírito Santo? Deus, em Sua sabedoria e soberania, não deu a estes novos crentes uma experiência imediata com o Espírito, como deu aos demais e dá a nós hoje, porque os apóstolos, que se constituíam no alicerce da igreja que estava nascendo (Ef 2:19-20), precisavam ver com seus próprios olhos que o propósito missionário Dele revelado em At 1:8 já estava se cumprindo e que todas as barreiras entre judeus e samaritanos estavam sendo quebradas pelo poder do Espírito, por isso deveriam selar com sua autoridade apostólica esta obra extraordinária de Deus na Samaria. (ver explicação completa no apêndice do sermão).

O foco de Lucas voltou para Simão (v. 18-19) - apesar de ter presenciado o genuíno poder no pentecostes samaritano, Simão deixou-se levar pelos pressupostos e valores de sua velha natureza: achou que o poder do Espírito era resultado do poder das mãos humanas (v. 18) e que poderia ser conquistado pelo poder financeiro (v. 18-19). Sua postura me faz lembrar muitos políticos evangélicos brasileiros, sob o pretexto de viabilizar o avanço do poder do Evangelho, prostituíram-se com lideranças e partidos políticos em troca de benesses como concessões de radio, tv , lotes, cargos de confiança, empregos...

O quarto estágio de Simão foi o da oportunidade, quando aprendeu os valores corretos da relação entre o dinheiro e o poder do Espírito mas não os colocou em prática. Pedro, com a autoridade que lhe era peculiar, tentou trazer Simão para um cristianismo maduro, ensinando-lhe: que o dinheiro mal usado pode trazer perdição – (v. 20, 23); que o dinheiro não pode comprar o dom de Deus (v. 20); que o dinheiro não confere ministério (v. 21); que para Deus a maior riqueza é sempre a de um coração reto - (v. 21); que há um único caminho de volta ao genuíno poder do Espírito – arrependimento, oração e perdão (v. 22). Contudo, apesar desta grande oportunidade de mudança, Simão, uma vez mais, quis realizar uma mágica impossível: ser abençoado sem um verdadeiro arrependimento... (v.24-25). Se há em nossas vidas alguma relação distorcida com o dinheiro, o primeiro passo da mudança é o arrependimento

III – RESPOSTAS PRÁTICAS PARA HOJE

Filipe não dizia que tinha o poder do Espírito, mas o evidenciava claramente pela Sua comunicação e ação, influenciando de forma tremenda uma cidade inteira; Simão, que insinuava ser o próprio poder de Deus, teve a oportunidade de conhecer o verdadeiro poder do Espírito por meio da fé em Jesus, mas não conseguiu experimentá-lo efetivamente porque deixou-se levar pelos atalhos destruidores do dinheiro.

Como deve ser hoje a nossa relação pessoal e comunitária com o dinheiro?

    1. Pessoal

a) Trabalhar honestamente e solidariamente – Ef 4:28

b) Honrar ao Senhor com o resultado do trabalho – Pv 3:9

c) Gastar o dinheiro conforme as prioridades de Deus – Mt 6:33-34

d) Construir uma genuína independência econômica – I Tm 6:7-10

2. Comunitária

a) Receber o dinheiro de Deus com as motivações de Deus – I Pd 5:1-4

b) Aplicar o dinheiro de Deus em acordo com a ética de Deus – I Tm 6:7-10, 17-19

c) Prestar contas transparentemente do dinheiro de Deus – II Cor 8:21-22

APÊNDICE

Para um melhor entendimento das razões pelas quais o Espírito Santo não foi experimentado pelos samaritanos na conversão deixo este apêndice....

Pentecostes na Samaria (At 8:14-17)

Argumento pentecostal

Os discípulos eram convertidos, mas não tinham recebido o Espírito Santo (v. 14-16). Este só foi dado após a imposição de mãos (v. 17). Logo, o batismo com o Espírito Santo é uma segunda bênção que acontece após a conversão.

Nosso argumento

* Excepcionalmente o Espírito Santo foi dado aos samaritanos após a conversão porque

+ Os apóstolos precisavam ver que o propósito missionário de At 1:8 estava se cumprindo

+ Os apóstolos precisavam autenticar a obra missionária pois a Igreja em sua origem é apostólica

(Ef 2:19-20)

+ O bloqueio antigo entre judeus e samaritanos precisava ser quebrado

* O pentecostes promoveu o cumprimento de duas promessas

+ At 1:5 – o batismo com o Espírito Santo

+ At 1:8 – o derramamento de poder para a evangelização

+ A partir dele o que era promessa, tornou-se realidade a todos os que crêm e se apropriam

* O padrão normal de recebimento do Espírito Santo são os três mil (At 2:37-41) e não os 120

Compare At 2:33 com At 2:38-39 – Pedro declara que os três mil, arrependendo-se, têm direito ao dom do Espírito Santo. Eles receberam o batismo junto com o arrependimento e a fé (conversão) pois Jesus já tinha sido glorificado. O texto não diz que os três mil experimentaram os mesmos fenômenos miraculosos dos doze. O fato dos três mil serem padrão não significa que a cada pregação tem de haver um grande número de conversoes ...

* No contexto do NT remissão de pecados e batismo com o Espírito são duas ações simultãneas

Jo 1:29-34 – Jesus “tira o pecado do mundo” e “batiza” com o Espírito Santo

 

 

AUTOR: PR. JAIR FRANCISCO MACEDO

 

 

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